Bernardo Santareno encarna na perfeição o espírito do autor comprometido com o seu tempo, com a sociedade que o representava. Sem dúvida alguma um dos dramaturgos mais importantes da Literatura Portuguesa do século XX, quer pela pertinência das suas peças como pela denúncia que as suas personagens espalhavam.
"A Traição do Padre Martinho" coloca em cena um conflito de classes entre o povo e o poder económico, representado pelo lavrador e o engenheiro, proprietário da única fábrica existente no Cortiçal. O padre Martinho, cristão convicto, procura ajudar os paroquianos naquilo que puder, sobretudo nas questões profissionais. Essencialmente crê como sua obrigação impedir que as pessoas da aldeia sejam exploradas e por isso ajuda-as a lutar pelos seus direitos, facto que conduz a algumas greves e paralisações que muito desagrada o engenheiro.
Se por um lado temos um padre que luta pelo povo, por outro temos um vigário que luta pelos poderosos, uma vez que são estes que reabilitam as igrejas, mesmo que muitas vezes não as frequentem. Na verdade, o padre Martinho assume-se um quase marxista-cristão, categoria que não é tão absurda, se tomarmos em linha de conta o cruzamento de ideias das duas correntes e a forma como ambas podem coexistir.
No entanto, o povo está sempre sozinho e o poder sempre acompanhado por outro poder. Quando a situação se torna demasiado incómoda, o vigário, secundado pelo engenheiro e pelo lavrador, recorre ao bispo para transferir o padre Martinho para muito longe. A situação torna-se tensa, o poder não recua, as ordens estão dadas. O povo não abandona o padre e este fica refém na casa onde vivia, a população não permite que o padre Martinho seja expulso e às tantas, o conflito passa a ser entre povo e poder, sendo que o próprio padre já não é ouvido pelas pessoas.
A tragédia está iminente e de facto acaba por acontecer no desvario do poder em enviar para a aldeia as forças da ordem para suster o povo.
Bernardo Santareno recorre a algumas técnicas eficazes, nomeadamente o uso de personagens que são porta-estandartes neutros, como também a multiplicação física do padre Martinho, quando o conflito interior atinge o ponto máximo. Outro aspecto importante é a presença do narrador, figura imparcial que torna mais verdadeira a acção.
"A Traição do Padre Martinho"
Galeria Panorama, S/D
"A Traição do Padre Martinho" coloca em cena um conflito de classes entre o povo e o poder económico, representado pelo lavrador e o engenheiro, proprietário da única fábrica existente no Cortiçal. O padre Martinho, cristão convicto, procura ajudar os paroquianos naquilo que puder, sobretudo nas questões profissionais. Essencialmente crê como sua obrigação impedir que as pessoas da aldeia sejam exploradas e por isso ajuda-as a lutar pelos seus direitos, facto que conduz a algumas greves e paralisações que muito desagrada o engenheiro.
Se por um lado temos um padre que luta pelo povo, por outro temos um vigário que luta pelos poderosos, uma vez que são estes que reabilitam as igrejas, mesmo que muitas vezes não as frequentem. Na verdade, o padre Martinho assume-se um quase marxista-cristão, categoria que não é tão absurda, se tomarmos em linha de conta o cruzamento de ideias das duas correntes e a forma como ambas podem coexistir.
No entanto, o povo está sempre sozinho e o poder sempre acompanhado por outro poder. Quando a situação se torna demasiado incómoda, o vigário, secundado pelo engenheiro e pelo lavrador, recorre ao bispo para transferir o padre Martinho para muito longe. A situação torna-se tensa, o poder não recua, as ordens estão dadas. O povo não abandona o padre e este fica refém na casa onde vivia, a população não permite que o padre Martinho seja expulso e às tantas, o conflito passa a ser entre povo e poder, sendo que o próprio padre já não é ouvido pelas pessoas.
A tragédia está iminente e de facto acaba por acontecer no desvario do poder em enviar para a aldeia as forças da ordem para suster o povo.
Bernardo Santareno recorre a algumas técnicas eficazes, nomeadamente o uso de personagens que são porta-estandartes neutros, como também a multiplicação física do padre Martinho, quando o conflito interior atinge o ponto máximo. Outro aspecto importante é a presença do narrador, figura imparcial que torna mais verdadeira a acção.
"A Traição do Padre Martinho"
Galeria Panorama, S/D
Estava procurando o livro e encontrei o BLOG.
ResponderEliminarHá mais de quatro décadas que o li... emprestei-o e foi-se....
Gostei da súmula .... retrata o objecto do conteúdo em poucas palavras.
ARFER