Das três partes é a menos forte, não só pela falta de violência, mas também por ausência de coesão. É de facto, um texto de finalização de história, onde acabamos por encontrar algumas explicações para acções dos livros anteriores.
Se na terceira parte nos deparamos com um conjunto surpreendente de revelações, também é verdade que lhe falta uma certa dose de dramatismo, pois as descobertas são tão avassaladoras que a narrativa perde alguma dimensão por um vazio de angústia. Claro que a ansiedade mantém-se, mas penso que o que rodeia o terceiro livro é uma profunda calma, como se fosse uma conversa de fim de vida.
O ponto mais interessante deste romance será, sem dúvida, os fios que o prendem aos romances anteriores, visto que a função maior d’ A Terceira Mentira, é precisamente atribuir aos dois primeiros livros um significado misterioso e obscuro. Na verdade, um véu de fumo cobre os livros anteriores e o que Agota Kristof faz no terceiro é soprar esse fumo para bem longe. Não revelarei aqui o que são as mentiras, mas garanto-vos que a surpresa é total. Em determinada altura senti uma espécie de traição por algumas acções de O Caderno Grande e A Prova não terem existido, senti-me vazio por ter acreditado em tudo o que lera. Mas afinal, faz tudo parte da ficção. Os irmãos já terão cerca de cinquenta anos e aparentemente, com as suas vidas estabilizadas. Do Lucas pouco saberemos, ou melhor, podemos duvidar sobre o que ele dizia de si próprio, mas também sobre o diário que manteve com o irmão. Sabemos sim, que tudo foi uma crença em ilusões, uma vida vivida por um mitómano. Chegamos a sentir misericórdia por a vida de Lucas não ter sido tão rica e plena de angústia, a tal simpatia pela dor alheia. Enfim, sempre podemos ler a obra e acreditar naquilo que, enquanto leitores, desejarmos.
Claus T., afinal Klaus T., é um poeta famoso e vive de forma desafogada. Devemos acreditar no que ele diz sobre o que é a sua vida? Talvez. Enquanto poeta preferiu o anonimato, exigindo ao editor que jamais revelasse a sua identidade e morada. A partir daqui cria-se outro mito: o do escritor ausente e que nunca aparece em público. Porém, o mais interessante em Klaus, é a forma como assina os livros: Klaus-Lucas. Podemos inferir que os dois não podem viver sem o outro; ou que um vive através do outro; ou ainda, que algum deles só existe dentro de um só. A mitomania. Finalmente, numa forma circular, a violência não desaparece inteiramente da obra quando esta acaba, na medida em que fica subjacente que ela permanecerá pela eternidade, através do último parágrafo, onde Klaus afirma já ter um plano para a sua morte. Mas apenas quando a sua mãe morrer.
Se na terceira parte nos deparamos com um conjunto surpreendente de revelações, também é verdade que lhe falta uma certa dose de dramatismo, pois as descobertas são tão avassaladoras que a narrativa perde alguma dimensão por um vazio de angústia. Claro que a ansiedade mantém-se, mas penso que o que rodeia o terceiro livro é uma profunda calma, como se fosse uma conversa de fim de vida.
O ponto mais interessante deste romance será, sem dúvida, os fios que o prendem aos romances anteriores, visto que a função maior d’ A Terceira Mentira, é precisamente atribuir aos dois primeiros livros um significado misterioso e obscuro. Na verdade, um véu de fumo cobre os livros anteriores e o que Agota Kristof faz no terceiro é soprar esse fumo para bem longe. Não revelarei aqui o que são as mentiras, mas garanto-vos que a surpresa é total. Em determinada altura senti uma espécie de traição por algumas acções de O Caderno Grande e A Prova não terem existido, senti-me vazio por ter acreditado em tudo o que lera. Mas afinal, faz tudo parte da ficção. Os irmãos já terão cerca de cinquenta anos e aparentemente, com as suas vidas estabilizadas. Do Lucas pouco saberemos, ou melhor, podemos duvidar sobre o que ele dizia de si próprio, mas também sobre o diário que manteve com o irmão. Sabemos sim, que tudo foi uma crença em ilusões, uma vida vivida por um mitómano. Chegamos a sentir misericórdia por a vida de Lucas não ter sido tão rica e plena de angústia, a tal simpatia pela dor alheia. Enfim, sempre podemos ler a obra e acreditar naquilo que, enquanto leitores, desejarmos.
Claus T., afinal Klaus T., é um poeta famoso e vive de forma desafogada. Devemos acreditar no que ele diz sobre o que é a sua vida? Talvez. Enquanto poeta preferiu o anonimato, exigindo ao editor que jamais revelasse a sua identidade e morada. A partir daqui cria-se outro mito: o do escritor ausente e que nunca aparece em público. Porém, o mais interessante em Klaus, é a forma como assina os livros: Klaus-Lucas. Podemos inferir que os dois não podem viver sem o outro; ou que um vive através do outro; ou ainda, que algum deles só existe dentro de um só. A mitomania. Finalmente, numa forma circular, a violência não desaparece inteiramente da obra quando esta acaba, na medida em que fica subjacente que ela permanecerá pela eternidade, através do último parágrafo, onde Klaus afirma já ter um plano para a sua morte. Mas apenas quando a sua mãe morrer.
Isto é um país cheio de pseudo-intelectuais.
ResponderEliminarantes pseudo-intelectuais que ignorantes.
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