Em “Pedro e João” Guy de Maupassant explora a relação tensa entre dois irmãos, sobretudo depois de um deles (João) receber de herança 20 000 Francos, provenientes da morte de um amigo dos pais. Maupassant desenvolve esta problemática de uma forma muito equilibrada, nomeadamente no ritmo de revelações e agravamento da relação, como na própria estrutura do romance, onde o tempo e espaço são desenvolvidos de maneira muito calma, pese embora o destino que paira sobre cada um.
Guy de Maupassant, discípulo oficial de Gustave Flaubert, oscila entre o Naturalismo e o Realismo, quer criticando socialmente a Paris oitocentista, como aproximando-se de análises psicológicas das personagens. A forma de o fazer é muito diversa da desenvolvida por Dostoiévski, uma vez que este era mais denso e violento nas suas construções, claro está que o facto de um ser francês e outro russo explica as diferenças entre os dois. No entanto, Maupassant opta por um caminho mais limpo, por cargas psicológicas menos exaustivas, colocando o indivíduo na sociedade e assim criticando os vícios de todos através de uma só personagem.
Neste romance de 1888, o autor coloca dois irmãos em confronto, como dois blocos distintos que rivalizam por um lugar de destaque entre a burguesia pavoneante. Pedro (médico) perde quase sempre para João (advogado), quer nas preferências dos pais, como de uma viúva que paira em busca de um futuro marido. Por isso Pedro comunga das cervejas e dos antros sebosos dos marginais que circulam pelo cais; recebe com encanto o licor de cereja que Marowsko, emigrante polaco, lhe oferece. Com todos se identifica, à excepção daqueles que lhe são próximos: despreza o irmão pela popularidade; odeia o pai pela sua capacidade inata de ser estúpido; passará a sentir-se enojado com a presença da mãe por… É necessário ler o livro para saber esta razão!
É um romance de vícios, de paixões desmedidas e dicotómicas, um romance de terra e de mar. Um romance essencial da literatura francesa do século XIX.
Para além do romance, Guy de Maupassant oferece ao leitor um ensaio curioso sobre a obra, sobre a profissão de crítico literário e suas falhas nos critérios, na forma acéfala como aqueles analisam as obras. Ao mesmo tempo, Maupassant traça de uma forma muito simples a sua poética e isso podemos encontrar nas páginas que se seguem, ou seja, neste romance e em outras obras do autor.
Pedro e João”
Editora Arcádia, 1960
Neste romance de 1888, o autor coloca dois irmãos em confronto, como dois blocos distintos que rivalizam por um lugar de destaque entre a burguesia pavoneante. Pedro (médico) perde quase sempre para João (advogado), quer nas preferências dos pais, como de uma viúva que paira em busca de um futuro marido. Por isso Pedro comunga das cervejas e dos antros sebosos dos marginais que circulam pelo cais; recebe com encanto o licor de cereja que Marowsko, emigrante polaco, lhe oferece. Com todos se identifica, à excepção daqueles que lhe são próximos: despreza o irmão pela popularidade; odeia o pai pela sua capacidade inata de ser estúpido; passará a sentir-se enojado com a presença da mãe por… É necessário ler o livro para saber esta razão!
É um romance de vícios, de paixões desmedidas e dicotómicas, um romance de terra e de mar. Um romance essencial da literatura francesa do século XIX.
Para além do romance, Guy de Maupassant oferece ao leitor um ensaio curioso sobre a obra, sobre a profissão de crítico literário e suas falhas nos critérios, na forma acéfala como aqueles analisam as obras. Ao mesmo tempo, Maupassant traça de uma forma muito simples a sua poética e isso podemos encontrar nas páginas que se seguem, ou seja, neste romance e em outras obras do autor.
Pedro e João”
Editora Arcádia, 1960
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